“antes de ir dar a sua aula ficava em silêncio no seu gabinete durante cerca de meia hora. Depois passava pelo meu gabinete e dizia: “vou dar a minha aula”. Via-se que ia para um lugar onde ia fazer uma coisa que lhe dava prazer.”
Não devo deixar passar este momento de homenagem ao Prof. Abreu Faro, que muito estimei e com quem trabalhei mais de 20 anos.
Conheci o Prof. Abreu Faro em 1955, altura em que ingressei no Centro de Estudos de Energia Nuclear do Instituto de Alta Cultura. Mais tarde este Centro de Estudos passaria a ser a Comissão de Estudos de Energia Nuclear. Todos os passos que se seguiram estão descritos na biografia que o Instituto Superior Técnico apresentou ao anunciar esta homenagem.
Não vou falar da investigação científica a que ele se dedicou e da qual já se falou aqui, nem das aulas que, com tanta sabedoria, ele ministrava. Vou somente falar da relação humana que ele teve para com as pessoas que faziam parte da Divisão Administrativa, onde ele tinha o seu gabinete de trabalho, e dos Serviços de Apoio à Investigação e Desenvolvimento. Não descansou enquanto não colocou este pessoal na Função Pública, garantindo-lhes um lugar seguro no Ministério da Educação. Todos lhe devemos muito.
Acompanhei-o enquanto ocupou o lugar de Subsecretário de Estado da Administração Escolar (1971-1972), altura em que muito lutou para a construção do actual Complexo Interdisciplinar. Mas antes deste acontecimento houve a construção do Laboratório Calouste Gulbenkian de Espectrometria de Massa onde o Prof. Abreu Faro teve uma intervenção muito activa.
Só uma pequena referência às aulas do Prof Abreu Faro. Tudo já foi dito sobre isso. No entanto eu poderei acrescentar que ele antes de ir dar a sua aula ficava em silêncio no seu gabinete durante cerca de meia hora. Depois passava pelo meu gabinete e dizia: “vou dar a minha aula”. Via-se que ia para um lugar onde ia fazer uma coisa que lhe dava prazer. Na verdade era o que o Prof. Abreu Faro mais gostava de fazer: ENSINAR.
Muito obrigada, Professor, por tudo o que aprendemos e que aproveitámos com a sua bondade e amizade. Reformei-me em 1988.
Loide Freire das Neves Paiva de Oliveira